Página:Ambições (Ana de Castro Osório, 1903).pdf/112

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n’esta vergonha da politica. Os de , os pequenos, como os de , os grandes, é tudo afinal a mesma coisa. Egoistas, ambiciosos, interesseiros, não ha um unico que queira vêr a miseria em que a patria agonisa e se sacrifique para a salvar. E se algum apparecesse, os outros affastá-lo-iam como um perigo para as suas bolsas que o thezoiro enche... Debaixo a cima, a lucta furiosa d’ambições para chegar ao poder; depois... ninguem se salva... O que me desgosta é vêr o Duarte viver com elles, ter os mesmos ideaes estreitos, acceitar os mesmos compromissos para identicos fins. Elle, que é pessoalmente honesto, politicamente iguala-se ao Maximiano Carneiro — porque é igualar-se tê-lo como adversario.

— «Não diga tal, Viscondessa! Pois não a consola que seu marido seja apontado entre os partidos da rotação como um dos raros honestos?

— «Sim, nada do que nós temos nos veiu com a politica, mas isso, meu amigo, é a honradez vulgar do creado de servir que não tira o dinheiro ao patrão mas vê sem protestos os outros encherem as algibeiras.

— «Não crê que em volta do nome honrado do visconde se forme um partido novo a que se juntem as almas ainda impollutas dos moços, cheios de coragem para luctar, resignação para a miseria, e esperança no futuro?

— «Não creio n’esse dôce sonho côr de rosa. Em primeiro logar porque os novos já não são como ha vinte annos os depositarios dos enthusiasmos e das grandes ideias altruistas. Tem-se educado a mocidade para politicos e empregados