Página:Ambições (Ana de Castro Osório, 1903).pdf/150

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— «Quer isto? — perguntou João sorrindo e escolhendo o mais pequeno d’entre os que lhe apresentavam.

— «Então, não tem caracter?

— «Tem!... É para trazer sempre, não é? — perguntou á mulhersinha, entregando um tostão para pagar o vintem do custo.

— «Decerto que é para trazer sempre — respondeu Bella sorrindo, emquanto se affastavam — se não fôsse isso não era talisman.

— «Quando olhar para esse infimo annel, tão deslocado entre os outros, pensará em mim, Bella? — sorriu melancholico.

— «Dúvida? Mesmo sem esta recordação eu pensaria em si. Então não somos já dois velhos amigos?

— «Eu sou... muito, muito seu amigo.

— «E, eu não?... Olhe que essa dúvida offende-me.

— «Se o fosse!...

— «O que aconteceria?

— «Nada, não é nada... Sempre quer ir á igreja? — perguntou n’outro tom.

— «Quero, mas é melhor esperarmos pela Maria Helena, não acha?

— «É melhor. Esperemos aqui.

Como estavam no meio do arrayal, ainda que um pouco desviados da passagem, viram a Hortensia, pelo braço do Vilhegas, esticada n’um vestido de seda, ás riscas, com boléro côr de cereja e um grande chapeu enflorado que lhe cobria a pequena cabeça de passaro tonto.

— «Não reparou que fingiu que nos não viu?

— «Talvez não visse.