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— «Era uma limpeza que a hygiene aconselharia...

— «A bondade acolhedôra com que ás vezes os attende é que os convence de que pódem dispensar-lhe os seus galanteios.

— «É simplesmente para conversar, mas nunca lhes dei motivo para se julgarem auctorisados a dirigirem-me galanteios. Se é que taes baboseiras o são.

— «Com esta gente quanto menos conversas melhor...

— «Despresa os então muito?

— «Em geral não despreso ninguem, mas aborrecem-me os seus ridiculos. Depois, são maldizentes e invejosos. A não ser com o dr. Ramalho, com o abbade e uns cinco ou seis rapazes que fôram meus companheiros na escola do Padre-Mestre, e que são hoje uns honestos trabalhadores, vivendo dos seus officios, poucas relações tenho na villa. Como sabe, ha uns poucos d’annos que vivo mais tempo fóra do que aqui.

— «Sim, os seus provincianos tem defeitos, mas olhe que os lisboetas não lhes são superiores. Ora repare no modo impertinente, pela sobranceria e insistencia com que a Viscondessa de Pereira fita o lorgnon em todo o mundo. É, impossivel aquella Laura! Vê? Ahi está, é boa rapariga, e intelligente, mas tem a mania das relações de nome; tudo quanto não seja fazer a Avenida, como lá dizem, ir a S. Carlos, vender prendas nos bazares de caridade ou frequentar celebridades, é fóra do tom e faz perder a linha. E que infinidade de pessoas pensam como ella em Lisboa!