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— «Quê?!... — rouco de furia contida, recomeçava o Domingos o passeio n’uns impetos de fera, vendo o padre torcer-se ás gargalhadas.

Era o pratinho do cura metter ferro ao pharmaceutico; e este, sabendo isso, não queria responder para não dizerem que dava o cavaco.

O padre cura era o unico a quem elle desculpava umas certas graçolas e o unico que acceitava na sociedade depois de o saber frequentador da nova. Um pouco por medo, porque o padre tinha genio de varrer uma feira e não raro se fallava de romarias em que o seu cacete se cruzára com o dos mais pimpões, e um pouco, tambem, por curiosidade de saber o que se passava no campo inimigo.

Ainda o padre se torcia com riso quando entraram o Braga uzurario e o recebedor, que, só de o verem rir, começaram tambem a rir, comprehendendo logo do que se tratava pela cara apopletica do boticario.

O recebedor — muito vermelho, quasi cego, atarracado e obeso — interveio, conciliador!

Lá está o Domingos a dar a casca; deixe lá, homem, não faça caso. Ó sr. padre Mathias, deixe-o lá!

— «Eu pego-lhe?! Só lhe digo as verdades, e vae elle põe-se que nem uma barata.

— «Podéra não! Vem cá dizer que tenho inveja da nova...

— «Pois não tem, não!... — recomeçava o riso que endoidecia o outro.

— «Ó padre!... — avançava irado.

— «Deixe lá, deixe lá, aquillo é graça — amansou