— «Ora adeus! O João de Mello é um sensaborão — une vrai bête fauve.
— «Por não ter o seu espirito perfeitamente gaulez, não se segue que não seja muito interesante. Ha pessoas intelligentes, que não gostam de conversar. Eu não o conheço a fundo, mas parece-me sympathico e muito instruido.
— «A sr.ᵃ baroneza está sempre disposta a defender.
— «É para me vingar dos que me accusam, meu caro dr. — respondeu para o Vilhegas.
— «Além d’isso, a Bella é galantinha, mas a baroneza sabe o que foi o pae... — tornou Hortense com gesto desdenhoso.
— «Não pense em tal, minha querida; bem sabe que para a sociedade essas coisas dos paes só lembram quando não ha tios ricos. E, aqui para nós, com toda a imparcialidade, quem não tiver um parente cujo procedimento o faça corar, que lhe atire a primeira pedra.
— «Oh, mas o pae deu um escandalo medonho!... Foi um verdadeiro ladrão!...
— «A Hortensia é muito nova para julgar, um facto que tem a sua explicação, como tudo no mundo. O pae de Bella era um perfeito homem da sociedade, fez o que outros têm feito impunemente, foi infeliz...
— «A baroneza conheceu-o?
— «Conheci-o admiravelmente, era das minhas intimas relações. Tinha deffeitos que mais ou menos todos nós temos, mas, a par d’elles, quanta bôa qualidade tambem!...
— «Pois sim, mas se não fôsse o tio rico talvez o João de Mello, que sempre passou por