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— «Não tem outro remedio.

Não se fartava de troçar o pobre homem, com applauso de toda a roda.

Na botica nova não era menor a azafama de parlatorio e coscovilhices azedas.

Quasi sempre era o Telles, como senhor da casa e mais versado em litteraturas e oratoria facil, quem tomava a palavra para declamar contra os adversarios.

Achava elle, no ultimo artigo de arromba, — que ninguem de bôa fé deixaria de seguir essa gloria da terra, esse homem que, nos pinaculos do fastigio politico, não desdenhava a patria que o vira nascer e para a qual projectava tantos melhoramentos que fastidioso se tornaria enumera-los. Melhor seria que o povo abrisse os olhos para vêr, e então desfolhariam aos seus pés, como homenagem de corações sinceros, as flores do agradecimento... Bem se sabia o que até ahi tinham feito os magnates da aristocracia, exhibindo escandalosos feitos de protecção descarada aos seus adeptos, que de ha muito servem de muletas ao illustre côxo da medicina...

Este era o Ramalho...

Enumerava as phantasmagorias com que o conselheiro trazia embaidos os papalvos: — telephone para todas as aldeias, estradas em todos os sentidos, luz electrica, um lyceu, e até um americano a vapor, vários parques e jardins, e a exploração de umas aguas medicinaes que se esperava apparecessem na Senhora do Monte...

De jornal em punho o Telles lia ao seu auditorio