Página:Ambições (Ana de Castro Osório, 1903).pdf/24

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— «Hum! Ella hade pentear se para o primo.

— «O João, sim! Quer lá agora a Candida sem vintem e sem educação!... — acudiu o recebedor — Que isso lá, verdade, verdade, eu não quero nenhuma; sou casado, não ha que desconfiar, mas a Pillar é outra fazenda. É muito fina, muito boa, não se compara...

— «Pois sim, mas a Candida é uma mulher a valer! Depois, a Pillar está noiva do Vilhegas, não ha que pensar n’ella.

— «Casar?... Se não morrer primeiro, intrometteu-se o boticario.

— «Lá torna você, homem; olhe que já é mania!

— «Nan sei! Elle lá está de dentro, vê as duas; talvez se arrependesse e...

— «Calle-se ahi, homem de Deus, não diga barbarismos. Lá vem o Neves.

O Neves, ainda rapaz, entrou tossindo a sua asthma, magrizella, sem emprego certo, mas cheio sempre d’affazeres, muito prestavel e comprimentador para os grandes, risonho no seu ar de pobre diabo.

— «Vivam, meus senhores!

— «Adeus, Neves, então o que ha lá por fóra?

— «Não sei nada — respondeu sacudido, como se as phrases lhe sahissem aos pedaços, aos arrancos, da bocca embrulhada.

— «Dizem que a Pillarsita está doente. É verdade? — interrogou o cura.

— «Verdade, é; mas o meu primo disse-me hoje — não perdia occasião de referir-se ao parentesco que o engrandecia, com a grandeza do Vilhegas — que não era coisa para as afflicções