Página:Ambições (Ana de Castro Osório, 1903).pdf/252

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para escolas duas velhas casas pertenças da familia, esperava em breve completar esses beneficios criando officinas, instituindo a créche, juntando ao asylo-escola para crianças, um asylo para velhos, mas governado de maneira a não fazer dos desditosos que se obstinam em viver uma especie de revoltados contra a propria beneficencia que os força á prisão.

Entretanto ia João pondo em execução o seu plano de um bairro operario, com casas simples mas não desprovidas do encanto que só a arte pode dar, bem saneadas e arejadas, com janellas e portas bem largas e com seu jardinsinho á frente e pateo interior onde se faziam as construcções proprias para acomodação dos animaes, que em toda a população rural fazem parte integrante e importantissima da familia.

João, todo radical e violento, como o avô materno que não transigira nunca com opiniões e preconceitos alheios, queria dispensar o concurso de toda essa gente da villa, que de sobra conhecia, e entender-se só com aquelles que devia melhorar. Mas n’isso não concordavam Isabella nem o abbade e o próprio Ramalho, antes mais habil lhes parecia utilisar elementos existentes para a organisação immediata de uma escola onde rapazes e raparigas aprendessem officios e misteres que os habilitassem a ganhar a vida no futuro. Para isso foram convidadas as pobres Sebastianas, que serviriam como professoras de bordados e roupa branca, o que fez com que a Aurora Costa, invocando a amisade da Pillar, viesse pedir tambem um emprego — pois o pae ganhava pouco e a familia