Página:Ambições (Ana de Castro Osório, 1903).pdf/280

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— «Não me lembrou realmente. Era uma barraca que o Duarte dirigia e ornamentou consagrada ao amôr como supremo creador da belleza universal...

— «E a Candida é que estava n’essa barraca?...

— «Escolheram para lá as mais bonitas, mas era incontestavelmente ella a mais formosa.

— «E o que vendiam?

— «Objectos d’arte, flores...

— «Dás-te muito com ella?

— «Dou, afinal é uma bôa rapariga que só tem o defeito da vaidade, desculpavel um tanto em quem tem de que a ter...

— «Não me parece, mas emfim!... Visita-te amiudadas vezes?

— «Coitada, aproveita todos os momentos que lhe deixam livres, que não são muitos, para me acompanhar.

— «E tu... gostas muito d’ella?

— «Muito, não, este gostar d’alma que se sente comprehendida e comprehende, não. Mas gosto mais do que d’outras a quem dou o nome de amigas. É muito delicada, muito serviçal, muito meiga. Depois, é um encanto ve-la, está cada vez mais formosa. Aqui tens o seu ultimo retrato.

Tirou uma moldura de crystal de sobre um contador indio com incrustações de madreperola e mostrou uma linda photographia da Candida, largamente decotada, arrastando uma longa cauda de rainha.

— «É realmente bonita, mas uma formosura fria que me assusta — volveu Bella, entregando o retrato.