Página:Ambições (Ana de Castro Osório, 1903).pdf/282

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— «Quem me dera que assim fosse! Se te lá apanhasse a ti e a elle, era completamente feliz. Vive-se tão bem longe de tudo e de todos!...

— «Lá por mim, se não vou não é por falta de vontade. Agora dizem-me que o clima é mau para mamã... Não creio muito, mas não quero tomar a responsabilidade comprehendes.

— «Pois, na verdade, tua mãe é de lá, sempre lá se deu bem!... Coisas do mundo. E o Duarte como está?

— «Creio que bem, ainda hoje o não vi. Ao almoço não appareceu, mandando pedir desculpa por ter de sahir cedo.

— «Não sabes onde foi?

— «Não sei.

— «É-te indifferente isso?

— «Quasi...

— «Mas o que o retem tanto por fóra?

— «Talvez ainda a politica, talvez os negocios. Sabes que a sua ultima mania é o bric-á-brac?

— «Sempre foi um colleccionador intelligente.

— «Mas agora é negociante. Tem comprado coisas de um alto valor artistico, pequenas maravilhas de arte que nos suggerem toda a grandeza e magnificencia do nosso pais. É prodigioso o que havia e o que ainda existe por ahi!

— «Tem tudo cá em casa?

— «Pouco, o mais precioso e o indispensavel para decorar segundo as suas ideias de artista e de estudioso. Não me interesso como possuidora por essas riquezas que a maré do seu capricho e do seu dinheiro amontôa ou espalha. Doe-me a consciencia só de pensar que o melhor