— «Além do prazer de ver representar como poucas vezes na vida se pode vêr!
— «Mas tudo isso não me chega a convencer de que seja o vosso o mais commodo caminho.
— «Isso não é, mas o melhor.
— «O que importa o bem dos outros, no fim de contas? Gente que está habituada a soffrer não lhe custa tanto. Melhor é contentar-se cada um com a sorte que tem.
— «Quando a má fôr para os outros...
— «Claro. — Ria desabusadamente — vejam alli a Candida se precisa pensar no trabalho ou na ignorancia dos pobres, na felicidade ou na infelicidade do proximo, para ser hoje a mulher mais linda de Lisboa. Não digo uma profissional beauty porque a frase é importante demais para a nossa modestia e mesmo porque não tenho a mania de M.ᵐᵉ Vilhegas.
— «Ó Baronesa, mas de que serve ser-se bello sem mais nada?
— «Ora de que serve, mr. William, agrada aos outros. Repare n’ella, veja se no meio de tanta cara vulgar, de tanto rostosinho miúdo de chloroticas caiadas, não é um prazer para os olhos deparar com aquelle typo de perfeita belleza — repostou com leviandade.
— «É uma opinião de artista. Mas é tão fragil o reinado da belleza material — disse por fim o Ramalho, que até ahi se tinha conservado silencioso.
— «É certo, mas emquanto dura, a belleza é um merecimento como outro qualquer. Uma superioridade como a do talento ou a da bondade.
Respondeu a viscondessa, mas de modo tão