Página:Ambições (Ana de Castro Osório, 1903).pdf/334

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com o nome d’elle, tendo familia, patria, fortuna...

— «Oh o rico sentimentalismo masculino! Tudo o que elle fez, então, não destruiu aos olhos de V. Ex.ᵃˢ essas raizes que prendem um caracter leal e honesto?... — gargalhou com nervosa ironia.

— «Não seria bem feito, mas é tão vulgar...

— «Será, mas na minha opinião familia já a não tem porque a despresou e insultou. Patria já não a merece. Fortuna gastou-a com as suas leviandades. Portanto, nenhum direito assiste aos seus amigos de vir exigir da esposa um novo e doloroso sacrificio.

— «Mas, tenha V. Ex.ᵃ embora razão, moralmente fallando, o que é certo é que tambem se pode chamar uma crueldade o morrer no abandono o marido tendo a esposa fortuna...

— «Não sei o que a minha amiga faria se fosse chamada aqui, creio que seria bastante generosa para se sacrificar mais uma vez. Sou eu, comprehende V. Ex.ᵃ, eu que não quero, que não consinto que ella saiba esta traição que lhe querem fazer á sua generosidade, á nobreza do seu caracter — respondeu com violencia.

— «Perdão, minha senhora, mas sou eu que não desisto. Não sahirei d’aqui sem obter a resposta da propria dona da casa. Não posso reconhecer em V. Ex.ᵃ o direito de me expulsar — replicou, já alterado tambem, sentindo no embate de vontades crescer-lhe as violencias de um caracter energico.

— «Fallo-lhe em nome da justiça, senhor! Sei muito bem que os que vivem n’essa