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IV


O dr. Ramalho — homem de trinta e oito annos, mais insinuante do que bello — fôra para alli logo ao sahir da Universidade, era a Pillar ainda uma criancita a quem beijava e contava contos. Vira-a crescer com o desvanecimento d’um pae ou irmão mais velho, não a considerando mulher senão quando ella lhe confessou, n’um impeto de franqueza, o seu enthusiastico amôr pelo Emygdio. Um d’estes amôres romanticos de rapariga, que sente um prazer morbido de sacrificada em offerecer ao homem, julgado infeliz, todas as alegrias e felicidades da terra. O dr. Ramalho tentára então tratá-la com ceremoniosas excellencias, o que a fazia rir perdidamente, terminando por lh’o prohibir.

É que a intimidade acarreta mais vezes affeições assim ternas e simples do que traz o amôr — paixão.

N’esta altura abriram-se as camaras e o dr. Ramalho, que era deputado, teve que sahir para Lisboa.