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Vivi para ésta insolita tristeza
De maldizer teu nome e as graças tuas,
Chorar-te a vidae desejar-te a morte.
Ai! nos rudes combates em que a tribu
Rega de sangue o chão da virgem terra
Ou tinge a flor do mar, nunca a meu lado
Teu nobre vulto esteve. A aldêa toda,
Mais que o teu coração, ficou deserta.
Duas vezes, mimosas rebentaram
Do lacrymoso cajueiro as flores,
Desde o dia funesto em que deixaste
A cabana paterna. O extremo lume
Expirou de teu pai nos olhos tristes;
Piedosa chamma consumiu seus restos
E a aldêa toda o lastimou com prantos.
Não de todo se foi da nossa vida;
Parte ficou para sentir teus males.
Antes que o último sol á melindrosa
Flor do maracujá cerrasse as folhas
Um sonho tive. Merencorio vulto,
Triste como uma fronte de vencido,
Côr da lua os cabellos venerandos,
O vulto de teu pae: «Guerreiro (disse),
«Corre avizinha habitação dos brancos,
«Vai, arranca Potyra á lei funesta