Pela face cobreada
Desce, desce com vagar
Uma lagryma: era a última
Que lhe restava chorar.
Longo tempo alli ficara,
Sem se mover nem fallar;
Os que a veem naquella magua
Nem ousam de a consolar.
Depois um longo suspiro,
E ia a moça a expirar...
O sol de todo morria
E ennegrecia-se o ar.
Pintam-n′a de vivas cores,
E lhe lançam um collar;[1]
Em fina esteira de junco
Logo a vão amortalhar.
O triste pae suspirando
Nos braços a vae tomar,
Deita-a sôbre o seu cavallo
E a leva para enterrar.
- ↑ «As moças ricas vão enfeitadas, como se ornariam para o proprio noivado.» (Ayres do Casal, Corog., 280).