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à luz das teorias benjaminianas a respeito do narrador e das transformações da experiência. Com isso, o autor procura compreender como a narrativa de Rosa “transita com autoridade da Erfahrung à Erlebnis” de Walter Benjamim, tensionando a experiência entre a o mundo do sertão e o da metrópole com o ir e vir entre a oralidade sertaneja e o romance de formação.

Com o artigo Wallace Stevens: o hermetismo como leitura do real, de Maria Luísa Fumaneri, somos instigados a conjecturar acerca da poesia moderna. Pois, para a autora, o paralelo entre a obra de Stéphane Mallarmé e Wallace Stevens é capaz de elucidar determinados pontos que dificultaram a interpretação da poesia moderna no curso da história, como “as ligações entre linguagem e realidade e o papel da poesia no conhecimento.”.

Já Juan Manuel Terenzi, em Desastre, destruição, criação: do nada às cinzas, apresenta uma discussão “acerca do nada, do fogo, das cinzas e do poder de criação que deles deriva.” Para isso, o autor dialoga com alguns conceitos tecidos por Martin Heidegger abordando, também, a leitura elaborada por Jacques Derrida a respeito do conceito de Geist na obra heideggeriana. Assim, tece uma reflexão que parte dos conceitos analisados até chegar ao ato da criação em si.

A leitura de La censura literária: desarrollo conceptual y teórico, los efectos de su acción y su funcionamento, de autoria de Gabriela de Lima Grecco, faz-nos olhar o fenômeno da censura em uma perspectiva teórica e histórica. Nessa conjuntura, a autora se coloca a refletir a partir dos postulados de Pierre Bourdieu e de Michel Foucault com intuito de discutir os sistemas repressivos que regulamentam e decidem a dinâmica de constituição dos sujeitos a ele subordinados.

Ao nos encontrarmos com “O desenho é uma pronúncia”: Paula Rego e Agustina Bessa-Luís, de Mariana Andrade da Cruz, somos convidados a pensar o fazer artístico a partir da análise de As meninas, biografia de Paula Rego, cuja assinatura é de Bessa-Luís. Segundo a autora do artigo, Bessa-Luís elabora na biografia de Rego “inúmeras reflexões de ordem metalinguística, bem como acerca das relações entre texto e tela” a partir de aproximações com a sua vida, de forma que o livro passa a propor um fértil diálogo interartes.

Com Ricardo Gessner, n’Os mistérios de Paulo Leminski, temos a oportunidade de ver a poesia leminskiana em um recorte temático. No caso específico, a temática do mistério é estudada por meio da análise de dois poemas do poeta curitibano, “rio do mistério”, e “Suprassumo da Quintessência”. Para isso, como norte teórico, o autor utiliza os ensaios do próprio poeta a fim de identificar o que este pensou e desenvolveu no tocante ao assunto em questão.

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Anu. Lit., Florianópolis, v. 21, n. 1, p. 7-10, 2016. ISSNe 2175-7917