Página:Ao correr da pena.djvu/211

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velhas de que já falamos. Tratemos, pois, primeiro do interior.

Assim parece-nos que seria muito agradável e muito fácil, fazer correr veios de água límpida ao longo das alamedas, e construir-se nos quadros alguns repuxos e jets deau...

Ai! lá me caiu a palavra do bico da pena. Nada; vamos tratar de nacionalizar a língua; um correspondente do Correiro Mercantil de segunda-feira reclama de nós este importante serviço.

Mas que quer dizer nacionalizar a língua portuguesa? Será mistura-la com o tupi? Ou será dizer em português aquilo que é intraduzível, e que tem um cunho particular nas línguas estrangeiras?

Há de ser isso. Mãos à obra. Daqui em diante, em vez de se dizer passei num coupé, se dirá andei num cortado. Um homem incumbirá a algum sujeito que lhe compre entradas, e ele lhe trará bilhetes de teatro em vez de étrennes. E assim tudo o mais.

Quanto a termos de teatro, fica proibido o uso das palavrinhas italianas, porque enfim é preciso nacionalizar a língua.

E é bom que os dilettanti (perdão - amantes de música) fiquem desde já prevenidos disto, porque breve, parece que vamos ter uma excelente companhia.

A nova empresa de que vos falei há quinze dias organizou-se e nomeou a sua diretoria. Pelo Maria 2.ª, partem para a Europa duas pessoas encarregadas de contratar os artistas necessários, entre os quais virão quatro primeiras partes, escolhidas no que houver de mais notável na Europa. Levam ordem de oferecer honorários dignos das melhores reputações européias.

A empresa pode já contar com 2:500$000 por noite, de assinaturas tomadas até hoje; e espera aumentar esta soma. A primeira estação de quarenta récitas começará a 12 de julho deste ano e terminará a 12 de dezembro de 1856.