Página:Ao correr da pena.djvu/238

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Há uma febre surda que começa por abater as forças dos homens e acaba pelo delírio. Talvez que os observadores, os homens experientes e amestrados nessas oscilações políticas e sociais já tenham pressentido os primeiros pródromos, os sintomas característicos de uma próxima crise.

Entretanto parece-me que se enganam. Ainda é tempo de arrepiar caminho; e a situação atual, que começou tão rica de esperança, tão cheia de futuro, ainda tem muitos elementos que não foram sacrificados, e que, bem desenvolvidos, podem servir de programa às circunstância atuais.

Reabilite-se esta bela idéia da conciliação dos espíritos, evite-se que seja substituída por uma conciliação de interesses individuais; aceitem-se todas as adesões, mas não se suplique nem uma; chamem-se todas as inteligências a concorrer para o bem do país, mas não se exija uma transigência imoral que não pode ser duradoura; respeitem-se todas as opiniões e deixe-se a oposição inteiramente livre, porque se for leal, auxiliará o governo, se for licenciosa, se desacreditará por si mesma.

Por hoje tenho feito os meus cumprimentos à constituição, dando-lhe os bons anos, e desejando-lhe muitos séculos de vida para gosto dos seus amigos e de toda a sua família; posso, portanto, dar uma vista de olhos pelo que me vai por casa.

Data veniam ! Permiti, mestre, que ainda uma vez profane o sagrado santuário da justiça, cuja guarda vos foi confiada. Estou convertido às custas; mas, como neófito ignorante, tenho algumas dúvidas a respeito.

Que fizeram as pobres irmandades e corporações de mão=morta para pagar ao juiz de capelas e resíduos um juro de 6% de um capital que não receberam? E isto sem terem demandas nem pleitos, e somente porque o Estado julgou conveniente inspecionar as suas contas.

Ai! perdão! não me lembrava que tinha sido erro de imprensa. Santa invenção de Gutemberg! Não há nada que te pague! Com que facilidade fazes do branco preto! A pena diz o que quer: a imprensa é quem paga as custas.