Página:Ao correr da pena.djvu/264

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e se inicia nos negócios do papai, que se faz necessário, daí a pouco passa à varanda, ao gabinete, e por fim conquista a câmara.

Bem entendido, conquista a câmara com o auxílio da igreja; assim como o ministério deve conquistá-la com o auxílio da justiça.

Está, pois, definido o programa da nossa situação política. O ministério deve abrir os seus salões, dar um baile as noites, e tratar de fazer com que haja bons espetáculos líricos, a fim de os teatros serem concorridos.

Realizando este programa, não deve ter medo dos deputados, porque ninguém deixará as belas salas iluminadas e as elegantes rainhas da moda com todas as fascinações, para se ir meter numa câmara velha e escura, que até já foi cadeia!

Além do sossego de espírito, ganharão os ministros uma popularidade espantosa entre as moças, entre os leões da cidade, e até entre os músicos e os sorveteiros, que abençoarão este diário consumo de notas e de sorvetes.

Nenhum folhetinista poderá deixar de fazer o seu elogio quando no domingo passar em resenha os magníficos saraus que tiverem lugar durante a semana, e acharem nas suas recordações as mais belas idéias e as mais bonitas inspirações para um artigo poético.

As moças com este trato contínuo fascinarão de todo os seus adoradores; e o número dos casamentos se multiplicará consideravelmente, trazendo um sensível aumento de população, devido unicamente à política do ministério.

Deixemos por um momento esta perspectiva brilhante, para olhar um quadro triste da semana, uma cena de luto em que devemos tomar parte.

Faleceu na noite de segunda-feira o Sr. Conselheiro João Duarte Lisboa Serra. Ainda na flor da idade, sucumbiu a uma enfermidade cruel, depois de um longo sofrimento de cerca de três meses.

Reunia às virtudes cívicas e à inteligência e integridade de vida pública os mais nobres sentimentos do homem; era um zeloso