Rio, 8 de julho.
Se não quereis ficar doido, abandonai a cidade, fugi para Petrópolis, ou fechai-vos em casa.
Sobretudo não vos animeis a deitar a cabeça à janela ou a sair à rua, ainda mesmo de noite.
Apenas derdes os primeiros passos, encontrareis um homem grave, que vos apertará a mão como antigo conhecido.
Pensais que vai perguntar pela vossa saúde, ou falar-vos de algum negócio particular? Enganai-vos completamente.
Desde terça-feira que não há nesta grande cidade senão um negócio. A forma vulgar da saudação, o clássico bons dias, foi substituído por um cumprimento mais cheio de interesse e solicitude:
— Então, quantas teve?
— vinte.
— Ah! dou-lhe os parabéns.
E o sujeito deixa-vos com um pequeno sorriso de despeito ou de vaidade satisfeita.
Daí a dois passos encontrais um outro conhecido de mãos nos bolsos e chapéu à banda.
— Meu amigo, quer vender?
— O que, senhor?