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Página:Ao correr da pena.djvu/89

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Rio, 15 de outubro

Encontram-se às vezes na história da humanidade certas coincidências tão notáveis, que parecem revelar uma lei fatal e misteriosa, um elo invisível que através dos anos e dos séculos prende entre si os grandes acontecimentos.

O tempo, dizia Píndaro, é o oceano imenso sobre o qual navega a humanidade. Quem sabe se, como o marinheiro lançado sobre a amplidão dos mares, batido pelos ventos e pelas tempestades, o gênero humano não percorre os caminhos já trilhados, e não atravessa as idades revendo na sua torna-viagem as mesmas plagas, os mesmos climas?

O espírito se confunde desde que intenta perscrutar tão altos arcanos, e se perde numa série de pensamentos elevados, como os que me assaltaram quando me pus a refletir sobre os destinos do dia 12 de outubro, que marca época nos anais do mundo, da América e do Brasil.

Quando se desdobra esta página do calendário, e se volve os olhos para o passado, vê-se surgir entre as sombras das gerações que morreram dois grandes vultos de heróis, que separados por mais de três séculos, parecem estender-se a mão por sobre o espaço, como para consolidar a sua obra.

No mesmo dia um descobriu um novo mundo, o outro fundou um grande império. Um chamava-se Colombo, o outro era Pedro I. Dois nomes que por si só valem uma história.

Entretanto a América e o Brasil deixaram-nos escritos apenas nos livros, como uma simples recordação; e, tomando um nome de empréstimo, nem ao menos copiaram no mármore ou no bronze aquela página de tantas glórias.

O viajante do velho mundo, que contemplou as pirâmides do Egito, as ruínas do Partenon, as abóbadas do Coliseu, os