Página:As Minas de Prata (Volume I).djvu/102

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sobre o chantel do barrilote diversos traços que figuravam a tosca planta do interior de um edifício.

— Pronto! exclamou ele largando o giz e enchendo na mesma quartola, que lhe servia de mesa, uma caneca de vinho.

E continuou, depois de beber:

— O dinheiro está por baixo do oratório, não é?

O negro acenou com a cabeça:

— Aqui, respondeu assentando a ponta do dedo sobre um dos traços de giz.

— Então, replicou o Brás, bem vês, Lucas, que tenho razão: é melhor cavar dentro da casa. Anda mais lesto e vai-se pela certa!

— Não! disse o negro com a palavra breve e decidida. Dentro não se pode; há de ser por fora.

— Mas vem cá, filho! Devagar, que é o meio de apressar.

O bodegueiro designou a planta.

— Se o oratório está aqui, temos que para lá chegar, carece atravessar a recâmera da dona. Ora, cavar tudo isto por baixo da terra, não é cavar um queijo do Alentejo.

— Gimbo muito! Paga a pena, retorquiu o negro.

— E a dona não há de ouvir, quando estiverem a cavar por baixo da cama dela?