Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/100

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e com tanta bizarria, o ofício de mestre de cerimônias, chamou o judengo aos seus deveres de cortesia e hospedagem, do modo o mais expedito. Lobrigando no vão da janela a figura meã do taberneiro que lhe voltava as costas, o cantor estendeu o braço, espalmando a larga manopla sobre a cabeça do mísero, que pensou lhe desabara o teto da casa. Então apertando-lhe o crânio entre o polegar e o índex, e torcendo-o pouco mais ou menos como uma cravelha de rabecão, trouxe-o assim à presença do paciente advogado, que modestamente esperava à porta.

— Não vedes o senhor licenciado que vos faz a honra de entrar em vossa pocilga, mestre cão?

— Deixai! Deixai, amigo Bartolomeu!

— O senhor licenciado!... Mas por Deus que o não tinha visto!... Meu melhor freguês! Bem fizestes de mo advertir, mestre Bartolomeu... Senhor Bartolomeu Pires... Esta minha cabeça... Também é uma algazarra...

Isto dizia o taberneiro desfazendo-se em zumbaias à direita e à esquerda, e encolhendo-se o mais que podia, a ver se fazia-se tão baixo que o não alcançasse segunda vez a formidável manopla do mestre de capela.