Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/109

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— No adro de Santa Luzia.

O mariola sumiu-se de novo pela trapeira, e ganhando os telhados até o fim do quarteirão, saltou na rua, escura e deserta nessa passagem; depois dando uma grande volta por detrás da Câmara, foi sair em Santa Luzia.

O judengo desceu à varanda.

Na sua ausência o caboclinho, acudindo afinal aos repetidos sinais que lhe fazia Gil desde a chegada, correu à janela. Ligava essas duas crianças um sentimento, que era gratidão da parte do índio e dó da parte do pajem.

— Que tens tu hoje, Martim, que me torces as ventas quando te chamo? E com que má cara estás! Foi mau-olhado que te deitou a bruxa da velha Eufrásia, aquela arrenegada?...

— Mau-olhado!... mau-olhado!... murmurou o índio. Se o fora!... Bom esmurrar!

— Esmurrou-te?... Ele, o cão do judengo, o focinho de caititu?

— Agora mesmo... Quase me desancou... Tenho todo o corpo moído de pancada... E queres que traga cara de riso, Gil?...

Os meninos ficaram a olhar em silêncio um para o outro. Nisso o taberneiro chegando à porta