Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/132

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O estudante tornou mais calmo:

— Abraçai-me, mestre! É tarde; careceis de recolher-vos.

— Até amanhã. Ireis ter comigo logo cedo?... É preciso para o muito que tenho de comunicar-vos.

Vaz Caminha abraçou o afilhado; este estreitou-o nos braços com visível emoção.

— Ides de ânimo mais sereno? perguntou o velho com terna solicitude.

— Para onde vou, mestre, respondeu o moço docemente, a serenidade me espera.

O advogado seguiu seu caminho para a casa da dama desconhecida. O outro vulto que o acompanhava era o negro Lucas.

Se Vaz Caminha não viesse tão preocupado dos sucessos dessa noite e de coisas futuras relativas ao próprio Estácio, não deixaria por certo de notar que a torva serenidade do moço, ao despedir-se, ocultava como a onda do rio, uma profundeza sinistra.

Reunindo-se ao pajem, Estácio antes de montar disse para o menino:

— Gil, junto do lenço encontrarás também um papel. Este, hás de levá-lo ao doutor com estas palavras minhas: “que lembre-se de meu pai e de ti”.

O cavalo, arrancando a galope, desapareceu nas trevas.