viu parado no pórtico um vulto armado; poucos instantes passados ouviu o diálogo que trocava o irmão porteiro com o desconhecido.
— Quem vai lá por tais desoras?
— Um servo de Deus, Irmão Bernardo.
— Um servo de Deus! resmoneou o porteiro. Todos o são quando lhes faz conta.
— Pois não me conheceis? Manuel Batista, escudeiro da Senhora D. Luísa de Paiva?
— Bem me queria parecer que já vos tinha ouvido a voz algures... Com que então sois Manuel Batista?
— Sim, Manuel Batista.
— O escudeiro da Senhora D. Luísa de Paiva?
— O próprio sem tirar nem pôr.
— Da Senhora D. Luísa, viúva do mercador...
— Isso mesmo, Irmão Bernardo. Mas com o favor de Deus abri, que já me tendes aqui há bom credo!
— Lá se vai, lá se vai, irmão. Com que então sois o escudeiro da Senhora D. Luísa, daquela que mora além dos Padres Bentos? Estais bem certo disso?
O escudeiro mordeu nos beiços uma jura bem pouco cortês e desabafou abalando a portada com um murro furioso.