Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/207

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Fora igual aviso que dera Cristóvão quando, no transe em que se achou, ouviu a cantiga predileta do capitão de mato; o mesmo foi reconhecer-lhe a voz que lembrar-se dos folguedos de sua infância tão presentes à memória. Depois daqueles tempos felizes e descuidosos muitos e muitos acontecimentos haviam passado que são de saber. Cristóvão chegara a mancebo e cavalheiro; João alcançara uma patente de capitão de mato para o que tinha muita propensão.

Naquela época em que a floresta confrontava com a cidade e quase lhe invadia os quintais, oferecendo ao crime como ao vício couto seguro e asilo contra a vindita da lei, o capitão de mato foi ofício de importância. Era quem melhor policiava o estado, e ia aos desertos sertões trazer o réu à justiça, o escravo ao senhor, e perseguir as hordas selvagens quando infestavam a vizinhança dos povoados.

João Fogaça porém não seria capitão de mato se não fora sua má estrela.

A menina, que lhe dera os primeiros amores, estava já moça, e guapa e formosa. Era conhecida pela Mariquinhas dos Cachos. Viera-lhe o nome das lindas tranças pretas aneladas que brincavam