Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/210

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com o ponto ligeiro da agulha. Enquanto isso, dizia a menina lá entre si:

— Quando eu contar a João!... Estou para ver que ele ainda me esconda o muito bem que me quer!... O pai que faça lá sua conta, eu lhe tirarei a prova. Esta noite mesmo, Deus sabe onde me irei eu.

Tanto que foi por tarde, Mariquinhas largou da costura, fez às pressas uma trouxa de roupa domingueira, e disfarçando para que a mãe não visse, foi escondê-la junto à cerca onde costumava falar com João. Depois, às trindades, acabada que foi a reza, tomou a bênção à sua mãe, e saiu de casa, onde ela pensava que não voltaria mais senão noiva recebida de seu querido João.

O rapaz chegou com escuro.

Vinha com o passo lento e o coração a saltar-lhe, porque também ele tinha o quer que fosse. Naquela mesma manhã lhe ocorrera um engenhoso expediente para arrancar de Mariquinhas a confissão por que tanto ansiava. O alcaide, a pedido de Cristóvão, e pelas boas partes que lhe conhecia, o propusera a capitão de mato. Nunca a João passara pela ideia aceitar o ofício e apartar-se do