Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/39

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— É morta há cinco anos.

— Com quem vive o filho?

— Com uma tia velha, D. Mência.

— P. Inácio é confessor da dama?

— De que tira essa conjetura?

— É dela naturalmente que houve certeza da existência das minas de prata, respondeu o frade.

O P. Inácio perturbou-se:

— Errado vai o P. Molina: não abuso do segredo da penitência. O que ouço no confessionário entrego-o a Deus, e só trago comigo a satisfação de ter ajudado a remir da culpa uma alma arrependida.

— Mas suponha que um penitente revela um crime que vai cometer-se, homicídio, verbi gratia: deixaria que se consumasse podendo prevenir?

— Suplicaria ao Senhor que iluminasse o espírito desse homem; mas não trairia o segredo da confissão.

— E julga que o Senhor exalce a súplica de uma alma criminosa, porque o era, participando com o seu silêncio ao crime que ia perpetrar-se?

— Tem uma lógica terrível, P. Molina.