Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/49

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mouro divertia o povo com visagens e truanices.

Esta espécie de auto que acabavam de representar era naquele tempo o prólogo necessário do torneio; lembrava as tradições da cavalaria andante, que apesar da sátira homérica de Miguel Cervantes, ainda viviam no Amadis de Gaula, no Palmerim da Inglaterra, e na imaginação dos cavalheiros de vinte anos ou das meninas namoradas.

D. Fernando e D. José se haviam recolhido à tenda, onde se armavam para manterem a liça contra os aventureiros que a viessem disputar. Mal terminaram as danças, um arauto foi pregar no meio do campo, sobre a haste de uma lança, o cartel de desafio, que era assim concebido:

Os dois cavaleiros, escolhidos pela formosa Princesa Alzira para defenderem sua causa, dizem e farão conhecer a todos os que aceitarem seu gaje, e lhes provarão a três botes de pique e outros tantos de espada, que é justo que uma dama aceite de preferência o esposo que seu pai e senhor lhe destinou.

Como mestre Bartolomeu terminava o proclamo do cartel, lançando no meio da arena as manoplas,