Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/73

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e agora esquece o sangue que lhe corre das feridas para não tirar os olhos de ti?

— Tiburcino!... exclamou a mulatinha fazendo um muxoxo. Ele sabe que não; tanta vez lho tenho dito, que não há conta já. Se continua a querer-me, mal de si.

— E nem dó tens de o ver naquele estado por tua causa? disse Estácio.

— Oh! que sim! Dó, muito! Como o sangue lhe corre! exclamou Joaninha.

Rasgando uma tira de tafetá de seu manto de princesa já esgarçado, chegou-se para o carniceiro e tratou de estancar-lhe o sangue.

Um estremecimento de prazer abalou o corpo robusto de Tiburcino, quando sentiu o tato das mãos da alfeloeira; a fisionomia que a dor contraíra achatou-se com um riso alvar.

Chegavam então os homens do alcaide. Os respeitáveis quadrilheiros daquela época já cultivavam, como seus dignos sucessores da polícia moderna, o velho axioma do “mais val tarde que nunca”. Não vinham a tempo de aplacar o tumulto, mas sempre conseguiram empolgar o mariola, que incorrera na pena da Ordenação.

Anselmo, apenas desarmado pelos dois cavalheiros, fora subjugado