Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/196

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— Pegou-me outra vez, o maldito sono... Já esta manhã, antes de vir... Por isso cheguei tão tarde. Mas, Joaninha, todo o tempo é pouco. Sabes já a que vim. Não tens mais que ir a Nazaré e falar com a doninha. De caminho eu te contarei o resto.

— Que tenho eu com os amores alheios?... respondeu Joaninha tornando-se outra vez melancólica.

— Mas são do Senhor Estácio! Pois não te alegras de servir a um cavalheiro como aquele?

— E quem me servirá a mim, e aos meus amores, Gil?

— Eu, Joaninha. Em tudo que for, palavra de pajem.

— Isso dizes tu agora; mas em chegando a ocasião... Porque, olha, Gil, para servir e ajudar amores, é preciso tê-los sentido já por sua conta; sem o que o mesmo é falar deles que nada.

— Se assim é, já não te posso valer, rapariga, mas querendo tu, servirei para levar-te algum mimo ou recado!

— Não careço. Para curtir desenganos eu mesma me ajudarei da minha resignação!

— Mas afinal fazes o que te disse?

— Em negócios de senhores e gente