— Em hora má parece que veio este ano novo! Muitos ouvi eu se queixarem. Também para a dona foi mal estreado?
— Há seis, que todos o são; mas esse promete ser o pior.
— Espero em Deus que ele se troque ainda em ano de venturas para toda esta casa; e os anjos digam amém.
Durante estas palavras, Inesita nem tirara os olhos do bordado, nem mostrava ter-se apercebido da chegada de Joaninha. Quem observasse com atenção a atitude e o aspecto da gentil menina, conheceria que a mágoa havia chegado ao estado de plenitude; bastaria uma gota para fazê-la transbordar em soluço e pranto daquele seio intumescido e daqueles olhos upados. Joaninha tanto conheceu, que mudou logo de tom:
— A dona não tira mais confeitos?... E a doninha, não me compra nada?
— Estou hoje mofina, Joaninha. Nada me apraz.
— Ai, que acertei!... Trouxe hoje uns confeitos milagrosos, que têm a virtude de curar toda pena, assim do corpo que d'alma. Amargores de boca ou de coração, mal de saudades