Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/253

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— Oh! que não!... As serpentes desta terra são venenosas; e não há aqui mulher para dar-lhe ouvido, senão for uma negra velha, que mais parece raça de bugio.

— Mas pode vir de repente alguma moça formosa, como são as tentadoras.

— Não haja receio; por aí não me expulsarão do meu paraíso.

O comendador passou a mostrar ao frade os seus domínios. No atravessar para as cavalariças, encontraram um marachão de terra, com um respaldo de alvenaria e sobre este um chifre enorme de galheiro. Ao lado, espetada em uma estaca, uma caveira de onça.

— Vê o P. Gusmão? perguntou o fidalgo com um suspiro que desentranhou do seio.

— Vejo; mas sem saber o que seja.

— Aqui jazem os restos mortais de César, o rei dos cães de caça. Foi vítima da traição de uma onça, que imolei à sua vingança: ali está a caveira. Este chifre que lhe serve de cruz, foi sua primeira façanha nesta terra; duas horas o teve pelo focinho, enquanto a batida ia outro rumo, tendo perdido o rastro. Bravo César, repousa na terra de suas proezas!...