Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/88

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Ignorava Vilarzito o rumor que então fazia no orbe católico essa obra e sua doutrina, conhecida por molinismo, do nome do seu autor; porém bastava a preferência que dava o padre procurador ao livro, para levá-lo a formar a mais alta ideia dos méritos da obra. Aquele nome de Molina ficou-lhe na lembrança como de um dos famosos luzeiros da igreja e seus futuros modelos.

O rapaz tivera depois que deixara Sevilha, uma hora de desencantamento: e foi quando soube dos fâmulos que o sublime pregador da catedral não era o P. Cunha, e sim o velho capuchinho. Esteve muito tempo repartido entre a glória que abandonara, e essa que seguira, talvez falsa luz.

Nestas cogitações achou-se a sós com o religioso, uma tarde que tinham chegado à pousada:

— Releve V. Reverendíssima que eu lhe ponha uma questão.

— Quantas queiras, filho. Perguntar é próprio dos que desejam aprender.

— Diga-me então, padre-mestre, qual é a maior glória deste mundo?

— É a prática do justo em que se resume a lei de Deus.