Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/13

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— Aqui tendes o necessário! Ponde-vos à mesa e fazei vosso bilhete, enquanto vos contarei as moedas.

O cavalheiro sentou-se e escreveu em vez de um, dois bilhetes; o primeiro para o velho judeu, de quinhentos cruzados, o segundo para a filha, dando-lhe um emprazamento à janela na próxima noite. Dobrando ambos na mão, aproximou-se do contador, onde estava o judeu, e apresentou-lhe o primeiro. O velho judeu calcou os óculos e principiou a leitura; mas logo à primeira linha tornou a dobrar o papel e o restituiu, dizendo:

— Creio que vos enganastes?...

— É certo; este é um papel à toa; o vosso aqui está! acudiu o alferes azoado, pensando ter dado ao judeu a carta destinada a Raquel.

Enquanto Samuel examinava com profunda atenção o outro escrito, o cavalheiro aproveitando o ensejo, jogou pela fresta o bilhete, pensando que o apanharia a donzela. O mercador contou-lhe os quinhentos cruzados em moedas de ouro, e cerrou na gaveta o papel que recebera. Apenas o fidalgo saiu, o velho debruçou-se ao balcão, e disse à filha:

— Raquel, tornai-