Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/145

Wikisource, a biblioteca livre

Quanto a este, desde a véspera que o pobre labrego andava arvoado. Arrastado pelo olhar da feiticeira mulatinha, como um touro sob o aguilhão, a fora ele seguindo estupidamente até o meio da Praça do Palácio onde estava então assentado o pelourinho, que mais tarde removeu-se para o Largo do Rosário.

Joaninha voltou-se bruscamente para o carniceiro, e falou-lhe com um tom decidido:

— Tiburcino, veja você em que se mete. Só lhe digo uma coisa. Se algum mal suceder ao Sr. Estácio, sei de onde vem, e o saberá logo o Sr. Ouvidor Brás de Almeida. Portanto, quando ali estiver pendurado, se não for mais alto, não se queixe da risada gostosa que hei de eu dar às caretas que você fizer!...

— Rapariga do demônio!... urrou o magarefe enfurecido, sacando da cinta o manchil. Tomai, e acabai-me aqui a casta de uma vez com este cutelo, antes que estar assim cada dia a picar-me aos pedacinhos!

Joaninha comoveu-se na presença daquela dor de que era a inocente causa. Repelindo com o gesto o ferro, e com o sorriso deitando bálsamo na ferida magoada, tornou compassiva:

— Quem lhe meteu a você