Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/164

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namorado que ao abrigo das trevas buscava a espelunca da tavolagem ou a rótula da amante.

À porta de uma casa da Rua da Palma, que já nos é conhecida, parou um vulto embuçado, que bateu sutilmente, mas com um modo simbólico; o postigo da porta logo abriu, e tornou a fechar mal desapareceu o noturno visitante. Daí a instante outro vulto e outro até contarem-se dez com o primeiro, foram entrando a intervalos e pela mesma forma. Então ouviu-se o baque dos ferrolhos corridos e da tranca apertada contra a porta, sinal de que nenhum mais era esperado.

A casa do mercador Samuel era construída de encontro à encosta oriental da montanha, que serve de assento à cidade; na frente era sobrado e nos fundos casa térrea, ao que parecia ao menos. Havia porém por baixo uma sala subterrânea onde tinha o judeu escondido o seu cofre, e para a qual se entrava por um alçapão. Foi nesse aposento que os dez vultos, sabedores dos escaninhos da casa, se reuniram a um e um.

Na ponta de uma banca longa e rasa, onde se viam o livro sagrado do Antigo Testamento e outros símbolos da religião judaica, estava sentado o velho