Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/193

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explicava-se não só pela altivez do mancebo e sobranceria com que se portara na prisão, como por uma razão oculta. O governador se agradara do jovem cavalheiro; e desejava abrir-lhe uma carreira brilhante; as ponderações de Fr. Carlos sobre as consequências funestas a que podia dar lugar o desafio com D. Fernando, não passaram desapercebidas; veio confirmá-las o açodamento com que o Senhor de Paripe insistia pela soltura do preso. O governador lobrigou em tudo isso a ameaça de uma vingança, que o amor de Inesita e o arrojo de seu amante lhe mostravam infalível; pelo que resolveu proteger a vítima fraca contra os poderosos inimigos. O único meio de que dispunha era a prisão, a qual tornou-se assim castigo ao mesmo tempo que proteção.

Vaz Caminha saiu desanimado de palácio. Começava a recear que tivesse comprometido a sorte de seu afilhado, impedindo pela manhã o duelo e a resistência já operada com a intervenção de João Fogaça. Foi desse passo ter com Álvaro de Carvalho, a quem referiu a prisão do moço.

O velho alcaide esbravejou de ira, e arrancou à força de puxá-los, um molho de pelos ríspidos do grisalho bigode.