Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/199

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seriamente. Venho suplicar-vos uma graça!...

— Perdeis vosso tempo. Entre mim e esse homem só pode haver de comum, bem sabeis, o ódio e a vingança!...

— Estácio Correia nada quer de vós, e nada pede, Senhor D. Fernando. Não vos falo no seu, mas no meu nome... Ele não sabe, nem saberá nunca do passo que dei!

— Mas enfim, o que pretendeis de mim? Declarai-o de uma feita, senhor.

— Já vos satisfaço, disse o velho calmo e acenando ao fidalgo para sentar-se.

D. Fernando resignou-se a ouvir calado, como expediente para concluir mais depressa a prática.

— Os cavalheiros e homens de guerra, como vós, Senhor D. Fernando, costumam decidir seus pleitos e ganhar empresas com as armas na mão, em combate leal. Este que tendes em vossa presença, pobre velho acabado dos anos, é homem de paz, e escolhe para suas contendas armas mais tranquilas. O coração do adversário, que procurais trespassar com a ponta da espada, se esforça ele por tocar somente com a palavra. Não leveis a mal pois que venha eu, por tantas e tão fortes razões estranho