Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/201

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as prendas da juventude, afinal as virtudes da idade viril. É a felicidade desse filho querido, única família minha, que vos peço de joelhos, senhor!... São estas cãs humilhadas a vossos pés, estas rugas surcadas pelas lágrimas, as minhas armas! Rendei-me o nobre coração, D. Fernando!...

As lágrimas corriam ao longo das faces do velho ajoelhado; e o moço sorria de desdém, sem fazer o mínimo gesto para erguê-lo.

— Sois moço, fidalgo, rico de bens e nobres prendas. O caminho da vida se abre para vós semeado de flores; basta-vos estender a mão para colher a mais formosa e mais altiva. Ele, moço como vós, mas deserdado dos bens da fortuna, descido do que foram seus pais outrora, órfão e infeliz, de tanto que vos sobra, nada lhe coube em partilha. Um amor grande, que ele não buscou, mas lhe foi do céu enviado, é toda sua riqueza e ventura. Deixai-lhe esse óbolo ao menos, e Deus abençoará vossa caridade tornando-vos em abundância essa esmola feita ao pobre velho e pai!...

D. Fernando que ouvira até então pasmo da estranheza do pedido, disparou em um riso sardônico.