Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/202

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— Oh!... Vosso pupilo, afilhado, ou o quer que seja, não está todo soberbo de ser amado e querido?... Que lhe posso eu dar, eu desprezado e escarnecido?...

— Não zombeis dos amores contrariados, que talvez breve os pranteeis e bem amargamente! disse o velho com o tom profético.

— Tendes usado e abusado da minha paciência, meu velho. Não vos parece que já é tempo de terminar a farsa?...

— Deveis-me uma resposta, senhor: a cortesia pede que a deis, boa ou má, porém comedida e urbana.

— Quereis uma resposta?... Eu vou dar-vo-la, e tal que há de satisfazer-vos.

O fidalgo aproximou-se do velho rangendo os dentes:

— Entre mim e este homem, já vos disse, só há, só pode haver ódio. Não vos coloqueis entre nós, velho; a espada que há de traspassar-lhe o coração bem pode de um revés aparar-vos as orelhas, que não cabem no barrete.

A fisionomia austera do advogado cobriu-se de luto e dó; ergueu os olhos ao céu, invocando talvez a assistência divina, e logo após abaixou-