Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/212

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com esse movimento a figura lívida e estática do marido, recaiu exânime sobre a camilha.

“O fidalgo fez-se medonho: o semblante fulo da atrabílis que a ira derramava; os olhos fundos e enterrados pela tumescência grande das faces; o riso mau da hiena; tal era o aspecto temeroso do esposo traído. Ele avançou e o passo era tão hirto, que lhe estalavam as juntas; chegando em face da dama apresentou-lhe o escrito aberto ante os olhos pasmos. Não o leu ela que a vista se lhe escurecia; deixou-se cair aos joelhos do marido, murmurando.

“— É chegada a minha hora, senhor. Ouviu a confissão desta infeliz.

“Enquanto o menino continuava a folgar a um canto, balbuciava a esposa trêmula ao ouvido do fidalgo a narrativa de tudo quanto passara. O esposo a ouvia com a cabeça vergada e a barba fincada no peito, imóvel, e embotada a consciência ao sentimento da tremenda verdade.

“— A escada de corda?... Onde está?... perguntou o marido.

“Passaram à recâmera. A dama abriu um cofre de charão, onde ficara intato desde a noite da separação, aquele instrumento