de sua vergonha. Já então caíra a noite sombria; o fidalgo fechou as portas, foi ao balcão e deixando pender a escada, recolheu à sala. Com pouco assomou à janela um vulto embuçado, que saltou no aposento. Era o Donzel.
“Violante assistira a toda a cena, com uma serenidade de mártir; foi com um sorriso já celeste e imortal que saudou seu amante.
“Este mostrara surpresa encontrando ali um homem e reconhecendo nele o marido que desonrava. Ambos meteram mão da espada a um tempo: do terceiro bote a justiça de Deus punira o amor adúltero; entretanto poucos eram os cavalheiros capazes de resistir ao primeiro ímpeto do Donzel no combate. Quando o coração desfalece, afrouxa o mais valente punho.
“A dama atirou-se com uma velocidade espantosa sobre o cadáver do amante, e colheu-lhe nos lábios o último suspiro. Depois, com a boca tinta no sangue querido, voltou-se para dizer ao esposo:
“— Agora a mim!...
“Rangeram de sanha os dentes ao fidalgo; um instante ele tripudiou no frenesi da raiva; travando dos longos e finos cabelos da formosa senhora,