Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/215

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“— É uma aposta que fizemos, alguns cavalheiros e eu!... Queremos rir à vontade!

“O língua parece que compreendeu, pois nada mais observou; e voltando para o escravo começou de falar-lhe no dialeto africano. O negro arregaçou os lábios mostrando os dentes, num sorriso que parecia grunhir. Seguiu com o trote miúdo do cão o fidalgo que estugava o passo; breve chegaram ambos à porta da casa, que entraram silenciosos e desapercebidos. Já eram dez horas; a cidade dormia.

“Chegados à porta da recâmera, o fidalgo empurrou o monstro e fechou a porta. O que se passou dentro daquela recâmera onde jazia a dama inanimada, ninguém o soube; deve de ter sido uma coisa horrível. O marido correra como louco até a porta da rua; e de lá voltara ainda mais rápido e delirante. Quis entrar; caíra-lhe a chave no corredor escuro. Então bateu como um furioso com o crânio e o peito de encontro à porta, até que a despedaçou. A dama estava inanimada sobre o tapete; o cadáver estendido do outro lado; e o negro acocorado a um canto como um cão de guarda.