Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/219

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Este testamento é minha alma que vou abrir aos vossos olhos.

“Mostrou então uma cópia do horrível testamento, que o letrado leu horrorizado.

“— Rasgai, senhor, rasgai este abominável parto de vossa estulta vingança. Julgais estar falando a um algoz, ou a um homem da lei e advogado da justiça?...

“— Por isso mesmo que sois advogado da justiça, não permitireis, que logre o filho adúltero o nome e a fazenda do esposo traído!...

“— Este direito tendes de deserdá-lo; mas invocai a lei, não a infâmia.

“— Invoco a verdade que devo a Deus e aos homens. Se fiz mal, vou ser punido. Quanto a vós, sois depositário do meu testamento, e eu virei do outro mundo tomar-vos conta do modo por que o heis de cumprir.

“Debalde o letrado esgotou razões e conselhos; tudo foi baldado; correu a casa em busca do papel; já o enfermo tinha expirado sem quitá-lo do tremendo depósito. Mas se o guardou inviolável, condenou-o logo a eterno silêncio. Talvez teve a viúva alguma suspeita, porque várias vezes procurou-o para falar-lhe do assunto; mas sem trair