Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/223

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do vosso nascimento. Eis, senhor, a minha tenção!...

— Pois deveras pensaste, velho estulto, que eu deixaria o meu destino à tua discrição, quando te posso esmagar aqui como um verme abjeto que és?... Restituí-me já o testamento de meu pai, ou acabarás à ponta deste punhal!

— O testamento que tenho em depósito é de D. João de Ataíde, não de vosso pai!... respondeu o velho sem alterar-se.

— Não escarnecei da minha cólera, velho!

— Como posso, se dela hei dó e compaixão!

— O testamento?...

— Em vindo aqui, deixei-o lacrado dentro do meu e confiado a pessoa segura, para ser aberto quando conste o meu passamento. Portanto se quereis vê-lo, matai-me depressa!...

O moço patinhou de raiva; afinal caiu sucumbido sobre a cadeira; o punhal escapou-lhe dos frouxos dedos e rolou no tapete. Depois de uma pausa, o advogado ergueu-se:

— Agora me dirá o muito alto e poderoso Senhor D. Fernando de Ataíde, se ainda pretende oferecer a D. Inês de Aguilar, com a mão assassina que não duvidará