sabia que um homem inteligente como Estácio, na posição difícil em que se achava, era capaz de transformar o mais insignificante objeto em um instrumento de sua vontade; e pois procurava ler naquele fragmento de lençaria como em uma esfinge.
Afinal seus olhinhos cintilaram:
— Já sei!... já sei!... murmurou. À noite lhe levareis o que ele pede, Esteves!... Aqui estarei ao escurecer!...
— Mas o que pede ele, senhor licenciado?...
— Depois vos direi. Vinde!...
Vaz Caminha e o pajem voltaram à cidade; em meio do caminho interrompeu o velho a sua meditação para perguntar ao menino:
— Gil, tu viste de perto e por duas vezes a seteira do cárcere; podes tu dar-me com certeza a largura dela?...
— Esperai, senhor licenciado!...
— Caberá esta cana?
— Até o castão, duvido, tão estreita é!... respondeu o pajem apalpando a bengala.
— Mas a ponta?
— Essa com certeza!...
— Está bem; podes ir-te a casa. Não é preciso