Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/24

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Fernando aproveitou o ensejo para lhe falar de novo.

— D. José, tenho coisa urgente que comunicar-vos!

— Oh! chegastes a propósito!... respondeu o alferes, como se então somente se apercebesse da presença do cavalheiro.

Reclinando ao ouvido:

— Prestai-me quanto trazeis na bolsa, amigo!...

— De bom grado o faria, se não fosse carecer de conversar-vos, o que o jogo não permitiria.

— Temos tempo!... Só duas mãos para forrar parte do que perdi.

— Mas atendei, amigo, que é grave, e muito, o de que vamos tratar.

— Pois não jogarei mais que uma; depois me tereis todo para quanto vos aprouver, o que agora não sucederá, pois se não me servis, vou ao judeu!...

Ataíde passou a bolsa; e o alferes travando do baralho, chafurdou-se de novo no vício; correu primeira, segunda, terceira mão; a cada uma o amigo lembrava-lhe o prometido, e avivava a importância e urgência do negócio que o trouxera; mas a nada ele atendia. Afinal D. Fernando inclinou-se