Página:As Minas de Prata (Volume IV).djvu/246

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as ideias que refletira durante a noite, sacou do corpo o gibão, para arrancar fora a manga da camisa da qual rasgou uma tira estreita, que deitou na seteira; lá a deixou com o auxílio do prego à guisa de bandeirola. Gil sabia que ele ali estava, e naturalmente seu primeiro cuidado seria olhar naquela direção; vendo a bandeirola, compreenderia que seu amo o chamava.

Estácio fiava demais da perspicácia do menino; mas felizmente Vaz Caminha chegara a propósito para compreender por ele.

Dado o sinal ao pajem, faltava ainda o essencial: o recado para seus amigos. Mas também a esse ponto já tinha a imaginação arguta provido, como ao outro, por um meio engenhoso e simbólico. Cortando da manga da camisa uma segunda tira larga, Estácio conseguiu servindo-se ora dos dentes, ora das unhas ou do prego, cortar no pano o esboço tosco e imperfeito da figura de um punhal. Terminada a sua obra e estendendo-a na laje para melhor a examinar, murmurou sorrindo:

— Parece mais cruz do que adaga!... Mas eles bem podem ver logo de qual tenho eu necessidade nesta masmorra!...